Autocronograma

AUTOCRONOGRAMA

2008: 23 años deseando esta carrera.

2010: Bitácora de quien estudia en Puán porque la vida es justa y (si te dejás) siempre te lleva para donde querés ir.

2011: Te amo te amo te amo, dame más: Seminarios y materias al por mayor.

2012: Crónicas de la deslumbrada:Letras es todo lo que imaginé y más.

2013: Estampas del mejor viaje porque "la carrera" ya tiene caras y cuerpos amorosos.

2014: Emprolijar los cabos sueltos de esta madeja.

2015: Pata en alto para leer y escribir todo lo acumulado.

2016: El año del Alemán obligatorio.

2017: Dicen que me tengo que recibir.

2018: El año del flamenco: parada en la pata de la última materia y bailando hacia Madrid.

2019: Licenciada licenciate y dejá de cursar mil seminarios. (No funcionó el automandato)

2020: Ya tú sabes qué ha sucedido... No voy a decir "sin palabras" sino "sin Puán".

2021: Semipresencialidad y virtualidad caliente: El regreso: Onceava temporada.

2022: O que será que será Que andam sussurrando em versos e trovas 2023: Verano de escritura de 3 monografías y una obra teatral para cerrar racimo de seminarios. Primer año de ya 15 de carrera en que no sé qué me depara el futuro marzo ni me prometo nada.

14 de octubre de 2015

Antonio Xerxenesky


'Escrever sobre o ato de escrever cansa', diz Antonio Xerxenesky

Em bate-papo com o escritor Reginaldo Pujol Filho, autor fala sobre seu novo romance, ‘F’

Xerxenesky: mergulho na obra de Orson Welles pela mente de uma assassina profissional

Divulgação/Renato Parada

POR O GLOBO 10/06/2014 7:00 / atualizado 10/06/2014 9:00




RIO — Terceiro romance de Antonio Xerxenesky, “F” (Editora Rocco, 240 páginas) é assombrado pela figura de Orson Welles e de seu último filme, “F for fake” (lançado como “Verdades e mentiras” no Brasil), um semidocumentário que investiga o conceito de autoria e autenticidade na arte.

O livro acompanha Ana, uma jovem marcada por um passado violento. Contratada para assassinar Welles, ela traça um perfil psicológico do cineasta americano através de seus filmes. Ao cruzar as histórias de Welles e sua assassina brasileira, Xerxenesky também cruza “alta” e “baixa” literatura, cinema e literatura, autenticidade e cópia — e aproveita para descortinar a ressaca política e cultural dos anos 1980 num passeio entre Rio, Paris e Los Angeles.

Pedimos para Reginaldo Pujol Filho, autor de “Quero ser Reginaldo Pujol Filho” (um livro que também aborda a questão da falsificação e da emulação na literatura), para preparar algumas perguntas a Xerxenesky. Na entrevista, o escritor explica por que abandonou os recursos da metaficção presentes em seus livros anteriores e fala sobre a dificuldade de recriar Welles como personagem literário.

“F” é tomado de referências as mais variadas, mas especialmente cinematográficas (não só diretas, mas também nos seus climas, cenas, construções, etc.) Daí te pergunto se o filme dialoga, mais do que com gêneros literários, com gêneros cinematográficos como o thriller, o documentário, o suspense e etc.?

Caro Reggie, não penso que ele dialoga com gêneros propriamente ditos, mas com alguns filmes específicos. Um exemplo: em certo momento, a protagonista assiste a “Mr. Arkadin” e comenta que o filme é uma verdadeira bagunça, circulando enlouquecidamente por vários países e cenários. De certa forma, “F” possui o mesmo caos, vagando no seu circuito Rio-Paris-L.A. Outro exemplo mais forte envolve “O terceiro homem”, mas falar sobre ele aqui seria revelar uma surpresa fundamental do romance.

Em um artigo no blog do IMS, refletindo sobre o filme “Control” e o suicídio de Ian Curtis, você disse: “Todas as vezes que assisti ao filme de Corbijn, saía da experiência compreendendo menos ainda a figura de Ian Curtis". Lembrei disso porque brota Joy Division e Ian Curtis por diversas frestas de “F”. Porém, além das citações e de uma morte semelhante a de Curtis, fiquei tentado a relacionar a tua declaração com a protagonista Ana. Ela tenta se autoexplicar, se justificar, mas é evidente o fracasso. E, por mais que ela faça psicologisações sobre relações com pai & etc, penso o seguinte: será que todas as vezes em que lermos “F” não vamos sair da experiência compreendendo menos a figura misteriosa de Ana? Era essa uma intenção ou te frustrei como leitor?

Muito bem observado: o livro inteiro é uma narração em primeira pessoa, e está cheio de “ação interna”. É uma protagonista que pensa e fala sem parar, e que está constantemente se explicando. Mas é claro que, quanto mais ela fala, mais ela se esconde. A sua comparação procede. E sim, foi intencional – embora isso não mude nada.

“F” se passa em cidades (Rio, Paris e Los Angeles) nas quais tu esteve no máximo como turista; o tempo transcorre entre os anos 70 e o ano de 1985, quando o senhor tinha um ano de idade. Posso ler essas escolhas e também um Orson Welles fantasmagórico, uma narradora e tanto mais como um discurso sobre o espaço de liberdade da literatura, sobre o sagrado direito à ficção?

Nunca estive em Los Angeles. Nem nos Estados Unidos, para falar a verdade. E os anos 1980, para mim, existem mais nos videoclipes que eu assistia na MTV do que na minha lembrança. Por muito tempo fiquei me xingando por ter escolhido algo tão absurdo como tema ao invés da história de um jovem branco de classe média metido a escritor que mora em São Paulo nos dias de hoje, ou seja, algo mais próximo de minha realidade. Mas a imaginação e a especulação são das coisas que mais gosto como leitor de ficção (principal motivo pelo qual Philip K. Dick é um dos meus autores favoritos). O ato de escrita precisa envolver certos saltos de imaginação para mim, do contrário fica muito sem graça – sem prazer, eu diria. Além do mais, adoro me forçar a pesquisar assuntos que não domino. Teria lido tantos livros sobre Orson Welles se não fosse pelo “F”? De jeito nenhum.

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Rapaz, você já sequestrou Cervantes, contratou uma assassina para encarar Orson Wells, qual é a próxima? Torturar Paul McCartney, escravizar Pablo Picasso?

Hahaha! Não tenho a menor resposta para essa pergunta.

Logo no inicinho do livro, Ana diz: “Por isso escrevo essas linhas, para organizar minha vida de uma maneira que ela possa fazer sentido”. Tenho a impressão de que muitos narradores contemporâneos (e me incluo na barca) tendem a colocar no texto o porquê (ficcional) de o texto ser escrito, em vez de contar e contar e pronto. Pois me diga, acha que esta frase da Ana traduz uma angustia da escrita em si, por que escrever mais uma história, por que escrever essa história?

Sim e não. Depois de muito ter chafurdado na metaficção, deixei de lado esses recursos. Esse trecho está aí mais para dar o tom do livro e deixar clara a “moldura” dele (é um texto escrito, não oral; não estamos tendo acesso à consciência da personagem por algum passe de mágica). E é fundamental para que o final do livro, o último capítulo funcione. Simples assim. Essa coisa de ficar escrevendo sobre o ato de escrever cansa – e muito.

A Ana é uma garota que cresce durante a ditadura brasileira, deixa o Brasil não por amá-lo ou odiá-lo ou por ser perseguida. Deixa o país por indiferença, vazio. E tem, aos 25 anos, uma relação quase niilista com o país, vive sem ideologia, vê a morte como um assunto profissional. Lá pelas tantas, conversando com cinéfilos franceses, ela pensa “deveria ser absolutamente incrível levar a sério um estilo, um movimento, se identificar com um grupo de pessoas com um ideal — nem que seja um ideal estético —, ter uma bandeira para erguer, um hino para cantar”, porém, ao mesmo tempo, “We are the people“ provoca náuseas nela. Num certo sentido, tu acha que Ana se projeta para a sociedade de hoje, sem referenciais ideológicos claros, autocentrada e narcisista?

Acho que o mundo não mudou muito, na verdade. O Facebook, também conhecido como “lodo azul”, é um eterno embate de opiniões radicais e pessoas muito bem autodefinidas como esquerda e direita. Mas acho, sim, que a Ana sinaliza o nascimento de uma geração – da qual eu talvez faça parte – que sentirá muita dificuldade em se engajar por completo a seja lá o que for. E, claro, esse niilismo (palavra sua) pode trazer consequências éticas nefastas – afinal, ela é uma assassina de aluguel!

Por que a escolha de uma garota para narrar uma relação traumática (e iniciática, de certo modo) com o pai? Para evitar o clássico conflito masculino de “ter que matar o pai”?

Não sei. Não pensei nada disso, na verdade. É uma pergunta de fundo psicanalítico, e psicanálise é a última coisa que passa na minha cabeça quando escrevo. Em todos os meus livros (até mesmo “A página assombrada”) há o conflito pai-filho. Juro que não sei o motivo. O meu pai é super gente boa.

Vê na Ana uma certa relação com o Kill Bil do Tarantino? Aliás, indo mais longe: tem uma penca de referências cinematográficas no livro, mas, claro, não há sobre Tarantino ( a história se passa até 1985). Porém, olhando teus romances, vejo relações entre vocês dois (tu e Tarantino). Por exemplo, o pastiche, teu jogo com o western no “Areia nos dentes”, a personagem assassina e fria, o uso enlouquecido e muitas vezes irônico de referências pop e canônicas. Já tinha te ocorrido essa relação?

Olha, essa relação com Tarantino no “Areia nos dentes” muita gente já traçou. Quanto a “Kill Bill“ e a relação com Ana, nunca passou na minha cabeça. A verdade é que, embora eu goste dos filmes de Tarantino, não é um dos cineastas que mais me marcaram. Uma influência cinematográfica muito maior, para mim, é a do Michael Mann. Enxergo “F” como uma espécie de “Miami Vice”: um livro de ação sem ação. Pense: “Miami Vice” promete tiroteios e perseguições animadas (no trailer, nos cartazes) e entrega uma dupla de policiais nervosos, desconfortáveis nos seus disfarces, ansiosos diante da noite avermelhada de Miami; as cenas de ação são frustrantes, não há glamour na violência, apenas um insuportável peso metafísico. E os filmes de Mann, apesar de não serem tão cheios de referências quantos os de Tarantino, são obras autorais montadas dentro de gêneros muito estabelecidos (o cinema policial, no caso dele).

Há uma cena em Paris em que todos na casa noturna estão praticamente descobrindo o que é ouvir e dançar músicas com sintetizadores, e a narradora fala de uma “falsidade que me comovia, uma estranheza que emocionava todos ao redor”, e aí está: não é de literatura e de cinema que a Ana também está falando, indiretamente, neste momento?

Sim, sem dúvida. A chave para essa interpretação, acredito, está nas epígrafes. Deve ser curioso, para quem abre o livro pela primeira vez – um livro que gira em torno de cinema, da figura gorducha de Welles –, se deparar com epígrafes que falam de música, ou melhor, do futuro da música. Os anos 1980 foram marcados pelo predomínio do sintetizador na música pop. O que é o sintetizador senão um aparelho eletrônico que consegue, a partir do nada, “sintetizar” qualquer som do universo – e até criar sons novos, nunca antes escutados por ouvidos humanos? O sintetizador, como afirma Moroder na epígrafe, é o som do futuro, e F é um livro que está preocupado com a arte do futuro – seja ela o cinema, a música, a literatura ou o assassinato.

“F for fake” (filme de Orson Welles tão citado no livro), resumindo chucramente pode ser descrito, entre outras coisas, como um filme de Welles sobre falsificação. E o teu “F” pode ser entendido, quem sabe, como uma falsificação de Orson Welles? Aliás, te ocorreu em algum momento, nas citações, nos climas cinematográficos ali reproduzidos, a ideia de estar fazendo um falso Welles?

Querido Reggie, a sensação que tenho ao ler essa pergunta é que você estava dentro da minha mente enquanto eu escrevia o livro. Não tenho nada a adicionar, pois você matou a charada. Há ainda uma questão mais forte: “F” reconstrói, em certo sentido, a estrutura de “F for fake” — falar mais sobre isso, porém, envolve revelar o final do livro. O que também me incomoda, ao desenvolver esses assuntos, é que dou a impressão de que escrevi o romance mais cabeçudo do universo. Nada pode estar mais distante da verdade. Acho que meu livro pode ser lido por qualquer pessoa que quer ler uma história divertida. Ele também funciona, acredito, como um romance de entretenimento, como uma música pop oitentista. Conhece a música “Enola Gay”, do OMD? Um hit imenso nos anos 1980, um pop chiclete dos mais ironizados. Veja o vocalista do OMD falando sobre a canção: lá está ele explicando que um verso pode ser lido de três formas diferentes, que é uma referência à bomba atômica etc. Mas você pode ouvir e dançar a música sem se importar com bombas atômicas, sem nem saber do que o cara está falando. Gosto de imaginar que “F” funciona da mesma maneira.

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Queria saber mais da construção do personagem Orson Welles, achei divertidíssima a costura e a criação de falas que você fez para ele, além do fato em si: criar o teu Orson Welles.

Fico feliz que você achou divertidíssimo: eu achei uma tortura! A maioria das frases que aparece na boca de Welles ele de fato disse, em alguma entrevista ou conversa registrada – quase sempre de forma modificada. Começar a Parte Dois com um monólogo de Welles foi um pavor. Eu estava dominado pela sensação de que soaria artificial, e, embora o livro jogue muito com o conceito de falso, eu queria que ele parecesse crível. Cedo ou tarde acabei me libertando das amarras, gritando para mim um “dane-se, ele é o meu Orson!” e comecei a enfiar na boca de Welles frases que ele nunca disse – tomando como base, é claro, detalhes de sua biografia. Se o livro algum dia for traduzido para o inglês, será uma tarefa complicadíssima. Uma coisa é recriar Welles em português, outra será na própria língua do sujeito. Seria necessário tomar um forte cuidado estilístico.

Tem duas coisas que percebo pairando sobre teus dois romances (e acho que também sobre o teu livro de contos): uma delas é a questão da identidade construída ou negada em relação ao próprio pai. Em histórias as mais diferentes isso se passa e acho até que Ana sofre uma transformação quando tem Welles numa posição de pseudo-pai, ou mestre. E a outra questão é, como resumir, os mortos-vivos, os zumbis, os fantasmas, os mortos que não morrem que surgem desde o “Areia nos dentes”, passam pelos teus contos e flutuam em “F” nas ruas, nos traumas e nas memórias. Já pensou sobre estes ecos, isto é consciente?

Uma das minhas frases favoritas da história da literatura é “Um espectro ronda a Europa”. OK, você pode argumentar que Marx não é literatura, mas gosto dessa frase pelo seu caráter literário. Que beleza de frase inicial, hein? A sua leitura é corretíssima: minhas histórias estão repletas de espectros, até mesmo os meus zumbis – eles são seres que não estão nem lá nem cá, nem mortos nem vivos. E, no entanto, lá estão eles, andando por aí, mudando o rumo da história, agindo. Silenciosamente. Habitam a nossa memória. Rondam a Europa – e também o Rio, Los Angeles e Paris.

Diz Ana que na sua visão “todo grande artista nutre uma crença no poder transformador da arte”. O que o artista Antônio Xerxenesky retrucaria para a sua criatura sobre esse assunto?

Não sei se todo grande artista nutre essa crença, não sei se concordo com Ana. Quanto a mim, sequer me considero um artista. No final do dia, gosto de pensar que escrevo livros divertidos, com zumbis e assassinas de aluguel, e isso me basta. Escrever “F” não foi nada fácil. Agora o livro está finalmente saindo, após anos de trabalho, e a minha editora pensa nele como uma aposta comercial – é a função das editoras, afinal. Mas claro que isso tudo é muito estranho para mim. Pensei em desistir inúmeras vezes da escrita de “F”, pensei em nunca mais escrever na vida. Mas eu tinha uma sensação otimista de que cinco pessoas aleatórias, espalhadas pelo país, iam ler o livro e gostar muito: o romance ia ter significado algo importante para elas. Era isso que faria tudo valer a pena. Ainda é isso que faz tudo valer a pena. Eu me preocupo mais com o livro encontrar e atingir essas pessoas do que qualquer outra coisa. Não é um poder transformador. Não mudarei a vida de ninguém escrevendo esses livros pop. Mas acredito numa espécie de comunicação possível, um tipo raro e específico de comunicação. Espero que isso faça algum sentido.



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/livros/escrever-sobre-ato-de-escrever-cansa-diz-antonio-xerxenesky-12777701#ixzz3ob8kad5M
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